4 de agosto de 2006

::Lembranças::

(Raquel Alves)


Todos saímos juntos da casa para ir a uma destas feiras típicas das cidades litorâneas.
Quis ficar no meio do caminho, passear um pouco na areia... pensar na vida.
Fiquei sozinha sentada em um dos balanços que tem para as crianças...
O mar a minha frente e a tarde que partia única...
De todas as formas da Natureza, ele é a que mais me assusta, enfeitiça...
Desde a primeira vez que vi o mar criei minhas teorias sobre o que tinha lá, depois da linha do horizonte.
Acreditava autenticamente na existência de uma grande "máquina de fazer ondas"e, que os barcos que podíamos observar passando lá no fundo, eram trabalhadores que ficavam a fiscalizar o funcionamento da tal maquina... e a verificar se algum humano xereta se aproximava.
Minhas irmãs, e os amigos tentavam de todo jeito me convencer que não:
O que existia depois da linha era na verdade um a cachoeira, e por isso a água puxava a gente para o fundo do mar, e que portanto era essa a razão dos adultos nos pedirem sempre para brincar na "beirinha".

Eu?
Eu tinha era vontade de ir até lá e comprovar que a minha teoria era verídica!

Não pude e depois cresci, mas sabe que algumas vezes eu chego a recordar barulho do funcionamento das maquinas no das ondas...
Maquinas que mantém o mundo em seu perfeito funcionamento e me impedem de voltar a ser criança, de voltar a sonhar...
.
.
.
e continuava balançando, balançando e pensando...
por um fortuito, rolaram duas talvez três lágrimas quentes em meu rosto e resolvi voltar pra casa, porque no tempo...
ah, amigos...
No tempo, infelizmente, eu não posso voltar.

10 comentários:

Anônimo disse...

até Peter Pan cansou e cresceu...

Anônimo disse...

Raquel

Não podemos voltar no tempo,mas ainda bem q temos em nossas lembranças momentos de pura inocência como esse...

Um beijo

Lia Noronha disse...

Sonhos infantis...tem gostinho de algodão doce e abraço de vovó...que tempo maravilhosamente inesquecível!
Muita sensibilidade...adorei seu texto!
Bjus e bom fimd e semana.

Carol Biavati disse...

Olá, querida Raquel. Tenho que linká-la tbm, pelo mesmo motivo. Rs. E lindo esse pensamento sobre o mar. Eu confesso não ter uma grande ligação com ele, mas reconheço sua lindeza. É bom mesmo ir andar um pouco na beira da praia, pensar e pensar e pensar. Gosto disso. Faz bem pra alma. E quanto ao tempo... é verdade. Uma das verdades absolutas do mundo! Não podemos voltar... mas podemos ir pra frente, devemos ir e fazer o melhor possível. Bjo grande! =]

Alasondro Alegré disse...

máquina de ondas, máquina de sueños alimentadas por combustibles melancólicos y con la catálisis catártica del tiempo perdido, en el sueño frustrado, la onda atenuada.

Anônimo disse...

Bonito teu texto, muito delicado. Eu acho o mar assustador, tenho uma angústia imensa e evito bastante olhá-lo (o que é uma operação complicada morando no Rio). A crença da existência de uma máquina de fazer ondas é uma graça, bem de criança. Beijinhos.

Anônimo disse...

Tudo bom Raquel?
Espero a partir de agora está reativando o espaço do Oficina.
Muito obrigado pela tua visita e gostei muito daqui tb.
Inté a próxima.

Menos Inútil disse...

ahhh seria tao bomm msmm voltar a ser criança....rsrsrs


bjão

dade amorim disse...

Raquel, obrigada pela visita muito simpática e pelas palavras amáveis. Um beijo pra você.

Mr. San disse...

Ah! O mar... Que o mar me leve de leve, se o vento não me levar, dizia a poetisa... Bonito ler o olhar de uma criança relembrado por ela na fase adulta. Não foi à toa que o craque Romário escreveu: o mar é profundo, poucas pessoas entendem a profundidade do mar... E a gente por vezes ri, para dar razão mais tarde. A alma leve, Raquel. Em um mundo atribulado. Abraços. :o)